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  • Foto do escritorLigia Estanqueiros

Suicídio e Psicanálise

A partir da observação clínica, foi-me despertado o interesse a pensar mais sobre o sujeito que deseja se suicidar. Em que momento a morte se apresenta como única saída para o sujeito?



Viver implica sentir dor e prazer. Nos dias atuais, a medicalização está exacerbada e banalizada. Toma-se Rivotril,(Clonazepam – ansiolítico) e Fluoxetina ( antidepressivo) como quem toma água, na tentativa de se obter alivio imediato. No entanto, apesar dos sintomas diminuírem, percebe-se que os medicamentos não dão conta sozinhos de aliviar a dor psíquica.

A dor psíquica é a angustia que sentimos diante das perdas, frustrações, limitações e imperfeições. O suicídio pode ser usado quando a vida se torna insuportável. É uma forma de lidar com essa dor de existir.

O suicídio é uma agressão ao exterior e que secundariamente se volta contra o ego. É um ato egoísta! Destina-se a destruir a vida dos sobreviventes, onde veem o suicídio como única forma de vingança satisfatória contra pais, amigos.. Este ato gera extremo sofrimento às pessoas que o cercam, os entes queridos passam a sentirem-se culpados e responsáveis de alguma maneira.

Para Freud, em luto e melancolia (1917), o suicídio seria a volta da destrutividade contra o próprio sujeito, onde há desejo de matar um outro, e como autopunição, essa agressividade volta contra si mesmo.

Cada sujeito que se suicida tem suas motivações singulares. Pode ser por vingança, raiva, autopunição, culpa, desesperança, inferioridade, solidão .. Esses afetos vão se tornando intoleráveis, e vão dando lugar para o surgimento das ideias suicidas. Que caso não sejam trabalhados em analise, o sujeito pode realizar o ato.

A psicanálise nos ensina, que em todo conflito psíquico, há dois lados. No caso do suicida o conflito se da entre a vontade de sobreviver e a vontade de acabar com o sofrimento. Para o suicida, a luz no fim do túnel, se da através da morte, onde ele fantasia que será o estado de não sofrimento pleno. Na realidade, com a morte, haverá apenas um corpo morto.

É fundamental que as ideias suicidas, possam ser identificadas o quanto antes, para possibilitar o sujeito a resignificar sua dor de viver e reconciliar com o lado que quer sobreviver.

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