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  • Foto do escritorLigia Estanqueiros

Automutilação/ Cutting: A dor que faz viver

Etimologia


Etimologicamente, de acordo com o Dicionário Dicmax Michaelis (2007), a palavra mutilação vem do latim mutilatio que significa “ato de mutilar, de cortar um membro”.


Se reportarmos às denominações em inglês, o termo cutter pode ser traduzido como “cortador”, ou “pessoa que se corta”.






Definição


A automutilação ou cutting é o ato de uma pessoa se cortar ou perfurar a pele com objetos cortantes como forma de autopunição ou como maneira de substituir uma dor emocional por uma dor física, mas sem a intenção de se suicidar.



O que o “cortador” corta?


A dor.


Observa-se em muitos relatos das pessoas que se cortam, a dificuldade em expressar através das palavras a sua dor física ou emocional. As frases saem truncadas, abafadas, mutiladas, faltando algo.


É frequente as pessoas evitarem o encontro com os outros e consigo mesmas, fugirem da possibilidade de falar. No entanto, ao mesmo tempo necessitam expressar seus sentimentos. Porém por se sentirem extremamente angustiados, muitas vezes, não conseguem encontrar palavras para descrever o que sentem.


A automutilação seria então uma maneira de gritar, de tentar se comunicar, de dizer da dor e do sofrimento apesar da falta de palavras ou da falta de escuta. Se por um lado, faltam palavras, talvez, por outro, hajam excessos que devam ser cortados.


Portanto, a automutilação é uma forma primitiva de comunicação em que o sujeito marca no corpo, através do sangue, das cicatrizes e da dor a sua incapacidade para verbalizar a angústia que ele sente. É uma fuga do real da dor de viver.



Como se apresentam?

Geralmente os automutiladores se apresentam socialmente superficiais, com certo distanciamento, são naturalmente retraídos, introspectivos e raramente permitem que outras pessoas compartilhem da sua intimidade. Mostram-se por vezes alegres e descontraídos, mas também instáveis e deprimidos. Eles têm dificuldade de fazer contato através do toque com outras pessoas, seja um toque agressivo ou carinhoso. Na sua maioria, tentam esconder as suas marcas e têm vergonha do seu ato de autoflagelo. Sabem que as pessoas reprovam essa atitude e sentem-se excluídos do grupo dos “normais”. Raramente pedem ajuda.


O que os levam a se cortar?


A motivação referida pelos pacientes é que eles se cortam para aliviar uma sensação ruim. Sensação de vazio, angústia, raiva de si mesmo, culpa, sofrimento, tristeza com ou sem motivo e até para relaxar são alguns dos motivos apresentados.


Onde as pessoas costumam se cortar?


Normalmente as pessoas se cortam em seus pulsos, braços, pernas ou barrigas. Principalmente em regiões escondidas ou próximo ao cotovelo aonde ninguém suspeita de cortes ou raladas.


A maioria das pessoas que praticam a mutilação não estão interessadas em suicidar-se, estão apenas buscando se sentirem melhor, sem acabar com tudo. Mas esta prática pode se tornar um hábito.


Quando a automutilação se torna um comportamento compulsivo, pode parecer impossível de parar, algo que acaba controlando a pessoa.


Importância do acompanhamento profissional


O acompanhamento psicológico é fundamental para ajudar estas pessoas a darem nome às suas emoções, elaborarem suas questões, identificarem formas saudáveis e adequadas de lidar com os seus problemas e angústias, além de favorecer uma qualidade de vida. Neste sentido a psicanálise, que visa a cura através da palavra, seria uma forma bastante indicada nesses casos, visto que assim eles teriam voz, onde falta espaço para se expressarem.

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